sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

O voto de um amigo

É chegada a hora, foi dada a largada, quem tiver mais amigo ganha. Vai!


É basicamente assim que vem se resumindo as eleições no Movimento Estudantil, que, ironicamente, vem se resumindo mais ainda em eleições. É a disputa clássica por um lugar de destaque no trono do ego. Uma disputa vaidosa que não tem nada a ver com representar o povo, mas sim, a si mesmo. Ou não? Alguém tem que se adorar muito ao ponto de achar que está apto para representar as vontades alheias, tem que ser no mínimo onipresente e onipotente. Mas além do ego, tem que ter alguém que alimente esse ego, ou seja, o amigo. Este serve tanto pra dizer aquele velho “vai amigo, tu pode!” quanto pra o ganho de votos, é claro.

Bem, as experiências que venho acompanhando no ME (Movimento Estudantil), sobretudo no MESS (Movimento Estudantil de Serviço Social) se dão nesse sentido. Recentemente estive no ENESS (Encontro Nacional de Estudantes de Serviço Social) e tive o desprazer de acompanhar diversos embates sobre qual voto defenderíamos.

O desprazer que digo não se encontra na discussão lógica e legitima de qual rumo tomaríamos, mas sim no momento de levantar os dedinhos, pois o que se via era que não adiantava se berrar (e el@S se berravam) e se esgotar em argumentos por vezes até interessantes a respeito de qual seria o melhor caminho. Pior ainda, o “melhor caminho” era rodeado de interesses e armadilhas. E no fim, era horrível o que prevalecia: os dedinhos de amizade. Não importava prestar atenção (se é que prestavam), a opinião política pessoal ou a compreensão do que as votações representavam, a amizade falava mais alto, afinal “meu amigo disse ué, por que devo pensar contrário? ele nunca me enganaria”.

Deixamos os amigos de lado um pouco, pensemos um pouco agora no inimigo. Bem, outra característica interessante que noto desde que entrei no MESS, é que nele se ganha ou se perde inimigos sem muitas vezes saber o porque. E é bem interessante como se ganha tais inimigos, é uma seqüência lógica: se você fica amigo de um grupo, logo fica inimigo do outro, e por isso toma para si a briga de velhos dinossauros do MESS. Não estou dizendo aqui que não existam amizades que sejam construídas de forma limpa. O problema é que muitas vezes, ou por ingenuidade ou por empolgação, se ama a uns e se odeia por tabela os outros que nem tiveram a oportunidade de se mostrarem legais também. É sempre assim, quem chega agora cai de pára-quedas em conflitos que não são seus, se tornam a menina dos olhos de qualquer um que queira ser bem votado nas próximas eleições e são formados para serem os novos quadros do MESS.

A conseqüência de tudo isso é que os debates do Movimento vêm se perdendo de maneira no mínimo enojada, onde os amigos servem como massa de manobra para o alcance dos interesses dos ditos “mais espertos”. E, no fim, afirmam os politiqueiros de amizade, “não, o debate era político, não tinha nada a ver com amizade”. Experimenta votar contra.

Um comentário:

Anônimo disse...

Camaradas,
Interessante texto sobre o "coleguismo", essa prática que rebaixa as críticas e a argumentação política a simplismente manter as falsas "unidades", a alcançar cargos pelo coleguismo e não pelo debate e polarização político-programática.

Só é importante salientar que tanto as "amizades" e "inimizades" são inevitáveis! Mas estas devem estar direcionadas pela compreenssão política das luta contra o reformismo, contra o parlamentarismo (PT, UNE, PCdoB, PSOL, PSTU) e compremetido com o avançar coletivo das massas. Obviamente o "coleguismo" como meio de alcançar cargos de direção só serve ao burocratas e reformistas, onde a base estudantil para estes não deve ser mais que uma mera espectadora...

Ai vai um texto interessante para o debate ai dos camaradas: http://oposicaocc.blogspot.com/2010/04/permanencia-da-critica-ou-coleguismo.html

Saudações candangas!

AVANTE A REDE ESTUDANTIL CLASSISTA E COMBATIVA!
CONSTRUIR PELA BASE, DISPUTAR A DIREÇÃO, ORGANIZAR PARA A LUTA!